Escrito em 09/03/2011
No meu sonho, eu estava em um lugar desconhecido - não posso descrevê-lo, pois não havia lugar algum. Parecia que tudo a minha volta era branco, ou preto, ou não havia cor nenhuma.
No meu sonho, eu estava em um lugar desconhecido - não posso descrevê-lo, pois não havia lugar algum. Parecia que tudo a minha volta era branco, ou preto, ou não havia cor nenhuma.
Comecei
a ouvir um canto magnífico, encantador, suave, envolvente,
fascinante. Simplesmente caminhei na direção deste canto, como se
não tivesse outro destino, como se não precisasse sair dali. Ali
era o meu lugar e eu ficaria ali para sempre. Caminhei alguns minutos
e o canto começou a parar. Vi algumas pedras. Contornei-as e vi:
três moças, de pele tão branca, tão majestosa, que pareciam
refletir uma luz azulada, luz vinda de um sol inexistente. Tinham
cabelos castanho-claro, que refletiam uma luz dourada. Seus olhos não
tinham cor definida - pareciam ser castanhos, ou verde-escuro; mas
emitiam um brilho suave e enfeitiçador. As moças se banhavam em uma
água cor de chumbo - tão escura quanto cinzas. E me olhavam como se
me convidassem para uma festa irrecusável, ali naquele lago, ou o
quer que fosse. Por um momento, com a pausa de toda a cantoria,
parecia que eu estava lúcida novamente. Não que a sensação de ser
levada pela canção tenha sido ruim, mas parecia que tudo tinha
voltado a ser como antes. Parecia que a vida tinha voltado às velhas
tonalidades de preto-e-branco. Exceto pelas moças que se banhavam no
lago escuro; estupidamente exuberantes, sem fazer esforço algum. Foi
quando o canto começou novamente, e eram elas quem cantavam - a
canção me fez continuar a caminhar. Uma sensação maravilhosa
tomou conta de mim. Isso é incrível, pensei. E então eu
caí. Não sei como aconteceu. Apenas depois de alguns segundos - ou
minutos - senti que estava dentro da água. O tempo passava muito
devagar. Olhando por fora, o lago não sugeria um banho muito
convidativo. Mas quando se mergulhava nele, a sensação era ótima.
Era uma sensação melhor do que a de mergulhar no mar das águas
mais frescas e límpidas. E quando se está imerso no lago, ele não
é mais escuro - a água ganha uma tonalidade azul-esverdeada,
cristalina. Combinava com as caudas das sereias, que tinham a mesma
tonalidade de cor. Sereias?! Gritei, minha voz abafada pela
água. Não deixei de levar um susto, mas as caudas delas eram
encantadoras aos olhos, possuíam uma beleza maravilhosa. Refletiam
pequenos raios de luzes azuis e verdes, suas escamas pareciam
diamantes coloridos. As moças que se banhavam no lago eram sereias,
afinal. E o canto continuava baixinho, muito ao longe. Mas eu tinha
recuperado toda a minha lucidez. E mesmo assim estava literalmente
enfeitiçada; não mais pela canção que quase não existia naquele
momento, e sim pela dança que aquelas moças faziam, com suas
caudas. Era uma coreografia perfeita, e era encantador. Elas
começaram a chegar perto de mim, e senti medo, mas não queria
fugir. Me despiram delicadamente e não soube o que exatamente
aconteceu depois. Apenas quando abri os olhos novamente, vi: eu tinha
caudas iguais às delas; tinha a mesma luz azulada emanando de mim e
também tinha aquela majestosidade que as outras moças possuíam. Me
sentia encantadora, com uma aura delicada, porém forte e
invencível.
E aí eu acordei com frio. Peguei outro cobertor e voltei a dormir.
E aí eu acordei com frio. Peguei outro cobertor e voltei a dormir.